quarta-feira, 22 de junho de 2011

.pretensa consciência social.

A mim parece que todos esse protestos verbais da população em geral, do tipo comentários no twitter, mobilizações virtuais, frases de indignado desabafo no almoço de domingo, que todas estas manifestações, por natureza fugazes e efêmeras - pois moram no interesse individual e não no coletivo - são pequenos escapes, pelos quais de maneira vagarosa e insignificante escoa uma energia que em forma de avalanche repentina poderia verdadeiramente provocar mudanças profundas.
Esses protestos são previstos pelo sistema, e até incentivados. A falta de liberdade de expressão tem relação direta com os movimentos genuinamente revoltados e ansiosos por transformações...
Hoje cada um se contenta em poder criticar, em poder dar a sua magnânima opinião sobre tudo, exercendo assim uma liberdade conquistada com muito suor por gerações que já se esvanecem.
Não há mais explosões ideológicas, há pequenos inchaços aqui e acolá que logo são suprimidos, escondidos, esquecidos, pela forma mais estúpida e vergonhosa, - muito mais do que a opressão autoritária dos militares de outrora - a distração, o desvio de atenção.
E assim vamos seguindo, reclamando do aumento salarial dos políticos, da ciclovia que não foi feita, do escândalo do Detran, lamentando o terremoto ali, o bombardeio acolá. Muito mais preocupados em emitir opinião, em mostrar uma preocupação, que de fato não existe, não é sincera. Em última análise, uma preocupação com a própria alma.

E reconheço que talvez em nada se diferencie essa minha declaração daquelas que são o objeto dela...

[Por mim mesma, K.]

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