segunda-feira, 30 de novembro de 2009

mais algumas reticências...

E tu me perguntas o que há comigo

E eu te respondo que não sei

E justamente o não sei é o que há comigo

Uma evasiva eterna de mim mesmo

Pensando se existe esse tal de “mim mesmo”

O que isso quer dizer afinal?

Mim mesmo... Mim mesmo... ???

Não consigo me comprometer com nenhum dos de mim

Quiçá com outras pessoas ou coisas...

Um dia ainda acho esse tal de “mim mesmo”

e tenho uma conversa séria com ele.



[Por mim mesma, K.]

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

.O caso do sem alma.

E ele falava sempre assim, como se seu coração fosse de pedra. Ou seria porque, de tão mole e fraco, ele não existisse? O certo é que seu peito era diáfano, não porque fosse algum tipo de ser etéreo, mas antes por não significar nada para si mesmo, ou para qualquer um. Seguia pelas ruas cor de cinza com ares de asfixiado, macilento até pelo avesso, e principalmente pelo avesso, denunciando sua morte estranha e pálida, esquálida. E levava um bom tempo no vão esforço de se fazer ver aos outros, que na maioria das vezes invadiam suas veias sem perceber qualquer coisa que fosse. Nem uma brisa, nem um tamborilar baixinho no fundo da cena, nem uma matiz desvanecida, simplesmente nada, complicadamente nada.

Uma lenda dizia que quando de sua extrema ânsia por um bocado de vida e de mundo, quando de sua extrema raiva e fervor por um terreno de céu... bem, a lenda dizia, e ainda diz, que quando do profundo estado se (des)ânimo desse pobre diabo sem alma, a gente ouve um chiado abafado, que mais parece um nada sufocado pela multidão...


...


[Por mim mesma, K.]