quinta-feira, 31 de maio de 2012

A calúnia de Apeles


Sandro Botticelli 
A Calúnia de Apeles (Calumnia)
c. 1495
Têmpera sobre madeira
62 x 91 cm
Galleria degli Uffizi
Florença


Essa alegoria simplesmente me encantou...

"O julgamento de Apeles é como muitos outros que conhecemos.

O rei e juiz está acompanhado pela Ignorância e pela Suspeita, suas conselheiras. Estas murmuram-lhe constantemente ao ouvido palavras venenosas, razão pela qual ele tem orelhas de burro.. De olhos virados para o chão, ele nem vê o que se passa.

A Inveja vem perante ele, acusadora, e estende um braço muito comprido para o alcançar. Traz a Calúnia pela mão.

A Calúnia tem uma tocha acesa na mão como se viesse mostrar a luz. A Malícia e a Fraude são as suas companheiras e não param de a adornar com flores, os atributos da pureza, que entrançam nos cabelos da sua senhora, procurando disfarçá-la.

Apeles vem, na figura de um homem inocente, arrastado pela Calúnia que o agarra pelos cabelos, acusadora. Ele está despido e de mãos juntas, apelando a uma justiça divina, superior àquela terrível fantochada.

Atrás deles, a horrível figura do Remorso olha sorrateiramente, por cima do ombro, para a Verdade.

A Verdade aponta para cima, remetendo o inocente à justiça divina, e aparece nua, sem nada para esconder, tal como o Apeles.

Todos os outros ocultam a sua verdadeira natureza com muita roupa, alguns até evocando a pureza.

Quem já foi caluniado assim, não o esquece certamente. A mim o que me arrepia mais é a luz que a Calúnia traz e o olhar horrendo do Remorso..."


Texto integralmente extraído de: http://anoeee.blogspot.com.br/2006/02/botticelli-e-calnia-de-apeles.html

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