sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ser Poeta - Florbela Espanca

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Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!


É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!


É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!


E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

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sexta-feira, 9 de abril de 2010

sem criatividade para títulos...


Dizem que o melhor da festa é esperar por ela.
Este momento, talvez seja um dos únicos que ritualizo na minha vida.
Nada decidido, de comum acordo entre meu coração e minha consciência.
- Estranha essa separação né? Coração x Consciência. Ou ainda, Emoção x Razão.
Quão tolo o ser humano é acreditando nessa tolice.
Mas, não fosse essa tolice, talvez não houvesse arte, de qualquer tipo, no sentido emocional, passional da coisa. Se o ser humano se acreditasse puramente um mecanismo complexo, seria o fim da arte.-
Enfim, continuando...
Ritualizo a espera, sim. Sou vítima involuntária da ansiedade.
O ansioso vislumbra a festa em seus detalhes, cria mundos paralelos, diferenciados por pequenas borboletas pisadas e pisoteadas...
É impossível que as expectativas imaginadas não inundem a realidade no decorrer dos fatos... tanto para mais, quanto para menos...
Mas se pudesse escolher... ainda assim, permaneceria ansiosa...
Melhor! Quereria um conta-gotas de ansiedade para temperar meus batimentos cardíacos... minha fome de vida...
Mas não gostaria, a troco de nada nessa vida, de descolorir meus sonhos acordados...

[Por mim mesma, K.]

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esperança... simples assim...


Assim como andança está para andar,
esperança está para esperar.
Mas entre aquele que espera e o esperançoso existem diferenças fundamentais,
são eles personagens distintos...
Ao contrário daquele que espera, o esperançoso aguarda por algo que está além da lógica cadente dos acontecimentos da vida. Ele espera no mistério, pelo próprio mistério.
O esperar que mora na esperança, é uma prática muito diversa de esperar...
é um esperar alegre, mudo e tenso...
com sorrisos e suspiros vindos do mundo dos sonhos...
vindos da nossa alma, alimentados e coloridos pelas esperanças que nos devoram...


[Por mim mesma, K.]







ps.:

Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e que se repete todos os dias, não é senão uma coisa muda. Somente o acaso tem voz. Tentamos interpretar o acaso como as ciganas lêem no fundo de uma xícara o desenho deixado pela borra de café. O acaso tem suas mágicas, a necessidade não. Pra que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se juntem desde o primeiro instante, como os passarinhos sobre os ombros de São Francisco. [KUNDERA, 1983]