Frenesi de cores, cheiros, formas, transeuntes...
Flores mortas, flores cor de cinza, flores pedra... pedras...
O cheiro pão-de-queijo do metrô, cheiro enfumaçado da partida...
O cheiro de peixe do mercado, incenso, pastel, almoço... carne crua e cozida...
Amarelo, cinza, vermelho, cinza, azul, cinza, cinza e mais cinza.
Lixo.
Cheiro de esgoto misturado com o da fumaça que sai daquele carro,
e daquele outro, e de todos os carros, quase mais que pessoas...
Não! Pessoas há muito mais, demais.
Pessoas úmidas, pesadas, empanturradas,
com pressa, sem pressa, atravancando, atropelando.
Vômito em frente à boutique, mendigo estorvando o caminho.
Mendigo querendo comer, ou beber...
vai saber... prefiro não arriscar contribuindo para o belo quadro social.
Natureza morta, morta mesmo.
Lixo.
Azar o da métrica, porque a métrica não convém.
- O que é métrica?
- Parente da tétrica.
Mas e o que é que convém?
[Por mim mesma, K.]
Antes de morrer devo ainda encontrar uma possibilidade de expressar o essencial que existe dentro de mim e que nunca ainda exprimi, algo que não é nem amor, nem ódio, nem compaixão, nem desprezo, mas que é o hálito quente da própria vida, vindo de longe, que traz para a vida humana a força imensurável, assustadora, admirável, inexorável das coisas sobre-humanas. Bertrand Russel (Filósofo e Matemático inglês, 1872-1970)