Eu vejo que o ser humano em geral, tem a mania de inventar entidades onde possa descarregar toda a culpa sobre tudo. Assim foi com o Diabo, assim foi com o “sistema”, o “capitalismo”, etc. E assim, evidentemente, me refiro ao tal de “individualismo”, que na verdade é uma ausência total de coletividade, uma indiferença ao próximo, uma “ruindade” incipiente do homem. Ou seja, a maldade e perversidade do ser humano. Eu posso dizer que sou individualista, na medida em que não gosto de depender de ninguém, na medida em que não quero dividir todas as minhas coisas, gosto de ter minhas coisas, meu canto, meus segredos. Então não vou ser hipócrita e gritar: abaixo ao individualismo! Mas eu tenho um senso de coletividade muito forte, nas pequenas coisas, naquelas que realmente importam, do dia-a-dia. Eu penso no meu próximo, quando ando na rua. Quando leio rápido um livro pra devolver logo pra que outra pessoa possa ler, quando dou meus livros (BONS) pra biblioteca pública municipal pra que outras pessoas possam ter acesso a eles. Quando respeito o pensamento das outras pessoas, quando não as julgo pela roupa ou aparência, quando percebo que a vida é mais do que o simples agora, do que o efêmero tempo de minha geração. Isso está na minha esfera de possibilidade. Eu não sou uma pessoa de grandes atos heróicos, que quer salvar a humanidade. Principalmente porque ela não quer ser salva. Eu não sou essa pessoa, e nem serei pra meramente seguir uma tendência. Respeito muito quem se dedica a isso, mas isso não é pra mim. O que não quer dizer que não me importe, que seja uma desalmada egoísta. Esse tipo de maldade é o pior de todos, fazer o “bem” pra criticar quem não o faz, ou pra jogar na cara de todos que o faz, ou ainda pior, pra comprar sua entrada no céu. Enfim, acho que desvirtuei a resposta, mas era isso que tinha pra dizer no momento. ¬¬
Antes de morrer devo ainda encontrar uma possibilidade de expressar o essencial que existe dentro de mim e que nunca ainda exprimi, algo que não é nem amor, nem ódio, nem compaixão, nem desprezo, mas que é o hálito quente da própria vida, vindo de longe, que traz para a vida humana a força imensurável, assustadora, admirável, inexorável das coisas sobre-humanas. Bertrand Russel (Filósofo e Matemático inglês, 1872-1970)
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